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🇧🇷Resolvi sair do armário e desabafar nesta quinta edição da TravelVince News. Passei junho e julho em silêncio, escondido. Não encontrava coragem para sentar e contar para você o meu segredo. Não sou de ficar em silêncio, de me manter escondido. Gosto de compartilhar pensamentos e descobertas – por isso essa newsletter – então hoje acordei com o sol raiando, fui correr e na volta resolvi sentar e, finalmente, escrever.
Fugi da minha caverna curitibana no começo de junho, quando soube que poderia tentar me vacinar em outro país. Demorou para eu tomar a decisão porque tinha medo. Medo de sair do meu canto seguro, de chegar do outro lado do Atlântico e não conseguir a vacina. O que precipitou a decisão foi a explosão da minha pequena bolha local. Vários dos meus amigos mais próximos se infectaram. Vi que seguro eu não estava em lugar nenhum.
Quase ninguém sabia do meu plano, mas quem sabia de cada detalhe eram os algoritmos do Facebook e do Google, que me jogavam na frente ofertas de passagens imperdíveis e notícias de fronteiras reabrindo. Perguntei para um amigo que tem um quarto de hóspedes – que ouso chamar de “meu quarto” – se poderia acampar na casa dele em Paris sem data de saída e ele disse que sim. Venha logo!
Alguns PCRs e 14 dias de “quarentena” na Grécia depois, desembarquei na França e fui do aeroporto direto para o centro de vacinação. Reservei a vacina por um aplicativo. Eu estava tão nervoso e ansioso que parecia que iria explodir. Quando a agulha perfurou a pele do meu ombro, dei vazão a uma enxurrada de lágrimas. Lágrimas da mais pura felicidade. Esperei 21 dias e tomei a segunda dose, também emocionado, mas sem as lágrimas. O plano era esse, tomar as duas doses em tempo recorde. A sensação de missão cumprida é grande. Mesmo assim, ainda me sinto vulnerável. Mantive a máscara. Que coisa maldita esse vírus, né?
Com um passaporte sanitário novinho em folha, resolvi dar meu primeiro grande passo e fazer uma viagem de descobrimento. Fui para a Romênia. Aluguei um carro e passei dez dias visitando lugares que nem imaginava existirem. Cidades medievais como Sibiu e Sighisoara. Cruzei a Transilvânia pelo passe Transfagarasan, vi o castelo do conde Drácula em Bran e a lindinha estação termal de Sinaia. A diferença horária com o Brasil é de 5 ou 6 horas, então dá para explorar de dia e, ao anoitecer, fazer home office.
Vou deixar essa newsletter curta para ter o que escrever nas próximas semanas. Cheguei ontem em Budapeste, onde o clima é estranho, meio como se a pandemia não existisse. Não sei se isso é bom ou ruim. Me acostumei tanto a ser mais um de máscara que, quando sou apenas um, acho que algo está estranho. Só não sei se comigo ou com as pessoas ao redor. Será que o ditador deles também que fala que máscara é coisa de viado? Conto mais em breve. Não esqueça de assinar a newsletter para receber as próximas e obrigado por me ler.
ps: você já conhece os Alumbramentos da Pulp, a newsletter que escrevo com minhas sócias da editora com dicas de livros, minicontos e outros alumbramentos? Leia-os aqui.
🇬🇧Today, after my morning run – which does not happen very regularly – I decided to get out of the closet. I spent June and July hidden away in silence. However, I do not like to be silent. This is why I keep this newsletter after all. Therefore, after two months of no news, here I am getting out and telling you my little secret.
I left my Brazilian cave in early June when I found out I could get vaccinated in 21 days abroad. It took me a while to get the courage to leave home, take a plane and be among people I don’t know. What sped up my decision was the bursting of my small social bubble in Curitiba. Most of my very close friends got infected. It dawned on me that I was not safe anywhere.
Very few people knew about my wish to run away. Google and Facebook were among the few. They kept sending me offers of cheap tickets and news about the opening up of borders. So I called a friend in Paris who has a spare room I dare call “my room” asking him if I could migrate with no date to leave and he said yes, come over!
Many PCR tests and a 14-day “quarantine” in Greece later I landed in France and took a taxi from the airport straight to the vaccination center. There was so much anxiety inside of me that when the needle pierced my skin I burst out crying. Tears of joy, bien sûr. Twenty-one days later I had the second shot, still with emotions but with less tears and feeling of mission accomplished. Fully vaccinated. Even so, I do not feel as invincible as I thought I would. What a shitty virus, isn’t it?
With a brand new sanitary passport I took a bold step and booked a 10-day trip to discover Romania. What an amazing country! On a road trip, I crossed the Transfagaran pass, visited the medieval towns of Sibiu and Sighisoara, took pictures in front of Dracula’s castle in Transylvania and enjoyed the thermal spa at Sinaia.
Being 5 to 6 hours ahead of Brazil there is plenty of time to explore during the day and to sit at my mobile “home office” in the evening. I will leave you here, not to extend this newsletter too much and to save some juice for the next ones, which I hope will not take as long to come up.
Today I am in Budapest, where it feels like the pandemic never happened. I still don’t know how to handle places like these, where nobody wears a face mask and everybody sits indoors to eat. Hard to tell yet who is crazy, me or them. Thanks for reading me and until the next issue! Make sure you subscribe not to miss the next one! Bye!