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🇧🇷 Há dias me sento na frente do computador para escrever alguma coisa interessante. Olho para a tela, ela olha para mim, e nada. Ao longo do dia penso em histórias para contar. Revejo meu caderninho de notas, onde rabisco ideias, frases colhidas em filmes e exposições e nem assim consigo engatar frases, formar parágrafos.
Se fosse um escritor, poderia escrever sobre a sÃndrome da página em branco, contar sobre as musas fugidias. Talvez fosse a um bar fumar uma carteira de cigarros e esvaziar uma garrafa de uÃsque em busca de inspiração. Poderia encontrar alguém com quem trocar opiniões sobre a campanha eleitoral, o aquecimento global ou a inflação. Ao invés disso, acordo, bebo uma xÃcara de chá, acendo o computador, me sento, posiciono os dedos sobre o teclado e… nada.
Talvez meu cérebro esteja em um momento de auto-limpeza. Reorganização das ligações entre os neurônios, troca do azulejo das paredes do cerebelo e outras coisas afins. Fiz um curso de resenhas para aprender a escrever textos sobre livros e desde então entrei neste bloqueio. É como se após o curso, somente textos geniais pudessem ser escritos. Qualquer assunto comezinho, como meus dias em Bolonha ou meu enamoramento por Nápoles fossem não-assuntos. A peregrinação de Perúgia a Assis, o show de Gilberto Gil e Marisa Monte na Úmbria, o museu etrusco em Roma, o sangue de São Gennaro, nada conta. Só papo-cabeça é que está valendo.
Então decretei férias. Como um bom cidadão italiano, chega agosto e é hora de apertar o botão de pausa. Vou dar pausa para mim e para você. Caso chegue o fim do mês e a inspiração ainda esteja submersa no Mediterrâneo, você pode me despedir.
🇬🇧 For many days, I sit in front of the computer and try to write something fun. I look at the screen, it looks at me, and nothing comes out. Throughout the day I think of stories to tell. I review my notebook, where I scribble ideas, phrases taken from films and exhibitions, and even then I can't put together sentences, form paragraphs.
If I were a writer, I could talk about the blank page syndrome, tell about the elusive muses. Maybe I would go to a bar to smoke a pack of cigarettes and empty a bottle of whiskey in search of inspiration. I could find someone to exchange views with on the election campaign, global warming, or inflation. Instead, I wake up, drink a cup of tea, turn on the computer, sit down, place my fingers on the keyboard and…nothing.
Maybe my brain is in a self-cleaning mode. Reorganizing the connections between neurons, changing the tile of the walls of the cerebellum and other such things. I took a course in book reviews to learn how to critique books and since then my brain has been blocked. It is as if after the course, only amazing texts could be written. Any small topic, like my days in Bologna or my love for Naples, were non-issues. The pilgrimage from Perugia to Assisi, the concert by Gilberto Gil and Marisa Monte in Umbria, the Etruscan museum in Rome, the blood of San Gennaro, nothing counts. Only high-brow is worth the page.
So I decreed a vacation. As an abiding Italian citizen, August arrives and it's time to hit the pause button. I'll give you and me a break. If by the end of the month the inspiration is still submerged in the Mediterranean, you can fire me.
The pilgrimmage to Assisi sounded intriguing. Hey, better than read aobut it, maybe I get to hear about it from you directly. Who would ever fire you? Do you fire inspiration? Do you fire someone who brings a smile to your face by the mere mention of his name? I think not!! I will consume anything you write. Even if it is bad, it would not be. Nevertheless, taking a break is always good. Muses will appear here or there. Maybe let them find you.
Meu querido filho, Vicente, seu carinho chegou num momento certo. Hoje um dia triste, data da perda do Rodrigo. Senti que vc me abraçou!!!
Te amo muito.