For English, please scroll down to the British flag and Italic text. Thanks! If you haven't subscribed yet, please do so down here:
🇧🇷 Levei uma boa rasteira. Um golpe traiçoeiro que me jogou para o fundo de um buraco existencial. Não estava jogando futebol, nem correndo uma maratona. Foi no Peru, durante uma viagem com amigos. Do dia para a noite comecei a me sentir enfraquecido. Achei que fosse uma gripe ou o famoso soroche, o mal de altitude. Só que a coisa foi degringolando. Passava o dia prostrado na cama do hotel, economizando energia para poder jantar com meus amigos. Uma curta caminhada por Cusco me deixava sem ar. Suava de noite, tinha calafrios de dia. Ainda assim encarei o trem para o Machu Picchu, encontrei um cantinho protegido do sol e dormi uma hora abraçado com a minha mochila enquanto esperava os amigos rodarem pelas ruínas. Na selfie que fiz nem parece que estou morrendo por dentro.
Nem chá de folhas de coca me animava. Triste. Mais triste ainda foi largar a viagem no meio do caminho. Seguiria de trem para Puno, de lá pela Bolívia até o Salar de Uyuni de onde pegaria outro trem para a fronteira da Argentina. Haveria festa em Buenos Aires, quem sabe um rolê por Montevidéu antes de voltar para casa. Tudo foi por água abaixo. Consegui juntar o resto de força que tinha para comprar uma passagem de emergência para Curitiba e, mesmo depois de chegar em casa e tomar chá de mel, limão e gengibre por cinco dias e dormir uns quatro, a coisa não ia embora. Fiz PCR para ver se não era covíde.
Sou teimoso. Acho que tudo se cura com jejum, ervas e descanso. Mas dessa vez esperei demais até soar o alarme. Precisei cuspir um catarro amarelo-ovo com pequenas manchas de sangue. Por sorte existem tios pneumologistas, antibióticos e moderadores de fluídos pulmonares que logo curaram a inflamação ou infecção dos brônquios importada dos Andes. Fiquei muitos dias deprimido, pensando no fim do mundo, chorando ao escutar audiolivros, numa sofrência inútil. Sofri com a falta de energia. Sofri com a interrupção da viagem. Sofri com as reservas não reembolsáveis. Sofri em não passar mais tempo com meus amigos. Sofri com as propagandas emocionantes da Copa. Foi uma bosta, mas passou (tudo vai ficar bem, lembra de 2020?). Até a vontade de viajar já começou a voltar.
ps: por sorte durante o capítulo Lima da viagem eu estava 100% e comemos em vários restaurantes incríveis. A cidade é bem monstruosa, cinzenta mas a comida vale a pena. O jantar no Central foi espetacular, mas meu prato favorito foi o ceviche de corvina da La Mar (com uma fatia de alfajor gigante de sobremesa). Vale muito a pena a parada na capital antes de seguir para surfar no litoral ou para pegar doenças nos Andes. Fica aqui o link com os 100 melhores restaurantes da América Latina, versão 2022!
Algumas recomendações do que vi, li e escutei em novembro
👀
• Argentina 1985 (Amazon Prime)
emocionante julgamento da junta militar argentina pós-redemocratização.
• Chef’s Table Pizza (Netflix)
amo toda a série Chef’s Table e marco no mapa os lugares que me dão mais vontade. Dessa vez foi Roma, Quioto e Portland.
• CEO em fuga, a história de Carlos Ghosn (Netflix)
culpado ou não, o plano de fuga do Japão para Beirute é incrível.
📚
• The beauty of dusk, de Frank Bruni
este foi o audiolivro que me fez chorar de Cusco até Curitiba. Várias histórias interligadas, incríveis. Sou fã das colunas do Bruni no NYTimes há tempos.
• Humanos exemplares, de Juliana Leite
uma história de amores e da transformação através dos anos. Lindo!
• Read your way around the world, no NYTimes
são dicas de histórias que se passam em várias cidades, indicadas por autores locais. Istambul por Elif Shafak, Igiaba Scego em Roma etc.
🎧
• Yiruma e Yo-yo Ma
meus dois japoneses favoritos, um no piano e outro no violoncelo.
• Podcast Radio Escafandro
os probres de direita e o futuro da democracia, como pensa a mente de direita e a mente de esquerda. Muito interessante.
• Podcast In buone mani
(em italiano) relatos de mulheres que tomam conta do patrimônio cultural da Itália com várias dicas de monumentos, museus e obras de arte italianas para conhecer.
🇬🇧I slipped over an existential banana peel. A treacherous blow that threw me into a dark pit. I wasn't playing football or running a marathon. I was in Peru traveling with friends. All of a sudden, I started feeling weak. I thought it was the flu or the famous soroche (altitude sickness). But things kept on going downhill. I spent the days in bed saving energy to have dinner with my friends. A short walk through Cusco would take my breath away. I sweated at night and shivered during the day. Even so, I faced the train to Machu Picchu, where I found a comfy corner protected from the sun and slept for an hour hugging my backpack while waiting for my friends to walk around the ruins. In the selfie I took, it doesn't even look like I'm dying inside.
Not even coca leaf tea cheered me up. Sad. Even sadder was leaving the trip halfway. Cusco was just half of the trip. From there I would take the train to Puno, even higher in altitude to gaze at lake Titicaca. Bolivia would be next, all the way to the Argentine border, where a friend would wait for me with a chilled glass of white wine in Salta. There would be a party in Buenos Aires, maybe a hello in Montevideo. However, everything went down the drain. I managed to gather what strength I had to buy an emergency ticket to Curitiba and, even after getting home and drinking honey, lemon and ginger tea for five days and sleeping for about four, the thing wouldn't go away. I did PCR to check for covid.
I'm stubborn. I think everything heals with fasting, herbs and rest. But this time I waited too long for the alarm to sound. I had to spit up egg-yellow phlegm with tiny spots of blood. Fortunately, there are pulmonologists, antibiotics and pulmonary fluid moderators that soon cured the inflammation or infection of the bronchi imported from the Andes. I spent many days depressed, thinking about the end of the world, crying while listening to audiobooks, in useless suffering. I suffered from the lack of energy. I suffered from the interruption of the trip. I suffered from the non-refundable reservations. I suffered from not spending more time with my friends. I suffered watching the soapy World Cup advertisements. It sucked, but it passed (everything will be alright, remember back in 2020?). Popping a few pills would have killed the suffering earlier. The good news is that even the desire to travel is slowly returning.
ps: luckily during the Lima chapter of the trip I was feeling 100% and we ate at several amazing restaurants. The city is pretty monstrous and gray but the food is worth it. Dinner at Central was spectacular, but my favorite dish was La Mar's ceviche de corvina (with a giant slice of alfajor for dessert). Lima is well worth the stop before going on to surf on the coast or catch diseases in the Andes. Here is the link with the 100 best restaurants in Latin America, 2022 version!
Some recommendations of what I saw, read and heard in November
👀
• Argentina 1985 (Amazon Prime)
moving trial of the military junta after the dictatorship.
• Chef’s Table Pizza (Netflix)
I love the entire Chef’s Table series and mark the places where I want to eat the most on a map. This time it was Rome, Kyoto and Portland.
• The Fugitive: the curious case of Carlos Ghosn (Netflix)
guilty or not, his escape from Japan is incredible.
📚
• The beauty of dusk, de Frank Bruni
this was the audiobook that made me cry from Cusco to Curitiba. Several stories intertwined, amazing. I've been a fan of Bruni's NYTimes columns for a long time.
• Read your way around the world, no NYTimes
book tips that take place in several cities, selected by local authors. Elif Shafak in Istanbul, Igiaba Scego in Rome and so on…
🎧
• Yiruma and Yo-yo Ma
my two favorite Japanese people, one on the piano the other on the cello.
• In buone mani
an Italian-language podcast about the women who care for Italy's cultural heritage.
🙏🏻
Obrigado por me ler mais uma vez! Ainda nos “vemos” por aqui em dezembro antes de entrarmos em 2023 | Thank you for reading me once again! We “see” each other once more over here in December before we all jump into 2023!
Se cuida!!! 🙏