TravelVince News #22
Pensamentos intercontectadamente desconexos | Interconnectedly disconnected thoughts
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🇧🇷Há poucos dias, o site e o Instagram da Amora Livros foram hackeados. No meio da descobrimos que tudo estava fora do ar. A sensação de invasão, de cólera, de impotência perante um mundo cada vez mais complexo. Entre negociações com o hacker para ganharmos tempo enquanto contatávamos servidores, amigos, hackers de hackers e a delegacia de crimes cibernéticos, foram 12 horas de tensão vendo um negócio criado do zero sendo mal tratado por um idiota detrás de um número misterioso de WhatsApp. Recuperamos tudo sem pagar resgate, mas vimos a vulnerabilidade de nossas personas digitais.
Já faz tempo que resolvi dar um passo atrás e ser voyeur do mundo. Ao invés de postar e interagir online, apenas observo. Contudo, a vida online é parte importante e integral da rotina de muita gente. Viver fora desse universo é viver desapercebido. Não me arrependo, nem tenho vontade de voltar a compartilhar meu sanduíche, a viagem de barco ou a última novidade de Tóquio. Resolvi dar exclusividade às interações ao vivo. Pelo menos por hora. Um amigo falou: “hoje em dia, ser inteligente é ser seletivamente ignorante”. Assino embaixo.
Escutei alguém comentar sobre o luto de pessoas que não morreram. Fiquei intrigado e entrei na conversa. Com o turbilhão que foram os últimos três anos, deixamos de frequentar várias pessoas de quem gostávamos, mas cuja convivência ficou estranha, enviezada, comprometida. Entre mortos e feridos da pandemia e da polarização política, há gente que segue viva, mas que já não faz mais parte dos vínculos a serem nutridos. Há nessa desconvivência, um certo luto. Achei o conceito interessante. Que bom que se não me vês, ao menos me lês. Nutrição em palavras.
Recentemente li A half known life - in search of paradise de um autor de viagens que tem escrito cada vez mais sobre espiritualidade chamado Pico Iyer. Ele tem um olhar muito interessante sobre coisas que me tocam. No livro ele relata visitas a certos lugares que o levaram a pensar na vida, na religião, na morte, no prazer, em ser humano. Além de ser um bom livro de viagens, é uma leitura ótima para a vida pós-pandemia e para quem, como eu, prefere viver mais devagar, dando atenção a uma coisa de cada vez.
Minhas viagens de março foram com livros. Estive em Alexandria, Milão e Paris com Teresa Cremisi no “A triunfante”. Também fui à Guatemala com “Canción" de Eduardo Halfon. Sigo na Kyoto dos anos 1940 com “As irmãs Makioka”, de Junichiro Tanizaki e também na Guadalupe de Maryse Condé em “O evangelho do novo mundo”. Também assisti a Bardo no Netflix para viajar pelo México. Em breve embarco de verdade para “mares nunca d’antes navegados”. Com isso, nosso próximo encontro por aqui terá novidades peripatéticas. Boa Páscoa, Hamadan Kareem, Chag Sameach! Boa entrada no outono, se estiver no hemisfério sul e linda primavera, se estiver no norte. Até!
🇬🇧A few days ago, Amora Livros' website and Instagram were hacked. It was mid-afternoon when we found that everything was down. There was a feeling of invasion, of anger, of impotence in the face of an increasingly complex world. Between negotiations with the hacker to gain time while contacting servers, friends, hacker's hackers and the cyber crime police station, it was 12 hours of tension watching a business created from scratch being treated badly by an idiot behind a mysterious WhatsApp number. We recovered everything without paying ransom, but we saw the vulnerability of our digital personas.
It's been a while since I decided to take a step back and be a voyeur of the world. Instead of posting and interacting online, I just observe. However, online life is an important and integral part of many people's routines. To live outside this universe is to live unnoticed. I don't regret it, nor do I feel like sharing my sandwich, the boat trip, or the latest news from Tokyo. I decided to give exclusivity to live interactions. At least for the time being. A friend said, “to be smart nowadays is to be selectively ignorant”. I completely agree.
I overheard someone commenting on grieving people who didn't die. I was intrigued and joined the conversation. With the last three year's turmoil we ceased seeing several people we liked, but whose coexistence became strange, biased or compromised. Among the dead and wounded from the pandemic and political polarization, there are people who are still alive, but who are no longer part of bonds to be nurtured. There is a certain mourning in this lack of coexistence. I found the concept interesting. It's good that if you don't see me, at least you read me. Nutrition in words.
I recently read “A half known life - in search of paradise” by a travel author who has written increasingly about spirituality named Pico Iyer. He has a very interesting look at things that touch me. In the book he tells writes about certain places that led him to think about life, religion, death, pleasure and being human. In addition to being a good travel book, it is a great read for post-pandemic life and for those, like me, who prefer to live more slowly, paying attention to one thing at a time.
My March trips were with books. I was in Alexandria, Milan and Paris with Teresa Cremisi in “La Triomphante”. I also went to Guatemala with “Canción" by Eduardo Halfon. I'm still in Kyoto in the 1940s with “The Makioka Sisters”, by Junichiro Tanizaki and also in Guadeloupe by Maryse Condé in “The Gospel According to the New World” (shortlisted for the Int'l Booker Prize). On Netflix I watched Bardo to travel around Mexico. Soon I'll be setting sail for “seas never sailed”. With that, our next meeting here will have peripatetic news. Happy Easter, Hamadan Kareem, Chag Sameach! Welcome to Autumn, if you're in the Southern Hemisphere and a beautiful Spring, if you are in the North.
Sempre um momento de respirar quando leio sua news, continue escrevendo sempre, oxigena a cabeça e o coração ! Bjo. Clau
Oi, Vicente! Cheguei a pouco, primeira Newsletter que recebo e adorei. Obrigada por compartilhar as dicas de leituras. Adorei a colocação sobre esse "estranhamento", distanciamento que os últimos 3 anos causaram. Boas viagens, boa Páscoa, obrigada! 😊