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🇧🇷Zonas de fronteira são vivamente estudadas na Botânica. Onde a selva encontra a savana, por exemplo, tem espécimes de flora e de fauna tanto de uma quanto de outra. A mistura gera interesse, intercâmbio e novidades. O mesmo acontece com as fronteiras políticas. Nenhum mapa é estável por muito tempo. O que hoje está do lado de cá, já esteve, um dia, do lado de lá. O troca-troca deixa as cidades da região híbridas. É o caso de Trieste, na Itália.
Trieste é um porto no Mar Adriático, o mesmo de Veneza, Bari e Dubrovnik. Também fica em um espaçamento entre montanhas e vales, por onde povos invadiram ou foram invadidos. Mais recentemente, os Habsburgos, do Império Austro-Húngaro, ergueram imponentes construções e deixaram o centro da cidade com ares de Viena. Algumas guerras depois, a cidade passou a ser italiana. Faz parte do Friuli-Venezia-Giulia e ficou abandonada durante anos. A socialista Iugoslávia abraçava o território quase por completo. A fronteira era fechada. Ninguém seguia viagem de Trieste. Era a última parada da linha de trem.
Hoje, Trieste é o melhor segredo da Itália. Enquanto turistas competem por espaço nas calçadas de Milão, fazem filas para sorvete em Florença e sufocam em Veneza, Trieste é alegre, espaçosa e oferece tanto gelatto quanto Sachertorte. Strudel e cannoli. Sem filas e amontoação. Também é ótima base para explorar a Eslovênia e a Croácia.
Do Adriático vim para o Egeu, em outro posto de fronteiras movediças. Navego entre Turquia e Grécia. Cada centímetro de água entre os dois países, que já foram uma coisa só durante os Otomanos, é guardado e defendido. Basta olhar para a cor da bandeira em cada poste para saber se ali se usa euro ou lira. O sinal do celular está num frenesi interminável entre as operadoras de cada país. Mas ao ligar o rádio, a música soa igual (ou parecido, para ser politicamente correto). A comida só muda de nome, com cor e gosto idênticos. Inclusive ontem jantamos num restaurante grego na Turquia que misturou tudo e mostrou o quão fútil são as hostilidades quando tudo acaba em buzukis e tamburas.
Curioso que sou, faço a próxima parada no Chipre. Quero visitar a última cidade dividida por um muro na Europa. No entanto, há controvérsia se Nicosia fica na Europa ou no Oriente Médio. Em 30 minutos de voo chega-se a Beirute, mas a parte grega da ilha é União Europeia. Vou ficar na metade norte já que voo de Istambul, mas quero cruzar o muro e espiar o que se passa do lado grego. Também quero visitar as cidades fantasma, abandonadas durante a invasão turca. Mas conto mais sobre o Chipre e outros devaneios no mês que vem. Agora preciso dar um mergulho no mar transparente para me refrescar dos 40 graus. Tchibum!
🇬🇧Frontier zones are keenly studied in Botany. Where the jungle meets the savanna, for example, there are specimens of flora and fauna of both. The mixture generates interest, exchange and novelty. The same is true of political boundaries. No map is stable for very long. What is on this side today, was once on the other side. The mixing-up makes the cities of the region hybrid. This is the case of Trieste, in Italy.
Trieste is a port on the Adriatic Sea, the same as Venice, Bari and Dubrovnik. It is also located in a gap between mountains and valleys, where people invaded or were invaded. More recently, the Habsburgs, from the Austro-Hungarian Empire, erected imposing buildings and left the city center with an air of Vienna. A few wars later, the city became Italian. It is part of Friuli-Venezia-Giulia and has been abandoned for years. Socialist Yugoslavia embraced the territory almost entirely. The border was closed. No one traveled from Trieste onward. It was the last stop on the train line.
Today, Trieste is Italy's best-kept secret. While tourists compete for space on the sidewalks of Milan, queue for ice cream in Florence and suffocate in Venice, Trieste is cheerful, spacious and offers as much gelatto as Sachertorte. Strudel and cannoli. No queues and crowding. It's also a great base for exploring Slovenia and Croatia.
From the Adriatic I flew to the Aegean, in another zone of shifting frontiers. I sail between Turkey and Greece. Every inch of water between the two countries, once one and the same under the Ottomans, is guarded and defended. Just look at the color of the flag on each pole to know if euro or lira is accepted (Mastercard, as you know, is accepted everywhere). The cellular signal is in an endless frenzy between the operators of each country. But when you turn on the radio, the music sounds the same (or similar, to be politically correct). The food only changes its name, with identical colors and tastes. Even yesterday we had dinner at a Greek restaurant in Turkey that mixed everything up and showed how futile hostilities are when everything ends up in buzukis and tamburas.
Curious as I am, my next stop is Cyprus. I want to visit the last divided city in Europe. However, there is controversy whether Nicosia is in Europe or in the Middle East. A 30-minute flight takes you to Beirut, but the Greek part of the island is part of the European Union. I'll stay in the northern half since I'm flying from Istanbul, but I want to cross the wall and spy on the Greek side. I also want to visit the ghost towns, abandoned during the Turkish invasion. But I'll tell you more about Cyprus and other shenanigans next month. Now I need to take a dip in the transparent sea to cool off from the 40 degrees. Bye!
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Maravilhoso texto e imagens!
Show!!