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🇧🇷Tenho certas regras quando programo viagens. Uma delas é tentar conhecer um país novo por ano. Outra é visitar ao menos uma cidade nova em um país para onde esteja voltando. Em viagens mais longas, tento também incluir uma viagem dentro da viagem. Foi o que fiz com a Coreia do Sul durante o tempo em que passei no Japão. Separei 10 dias para pular até a península e observar o país com olhos de quem chega do vizinho e não do outro lado do mundo.
Como já conhecia Seul, comecei a visita por Busan. Me impressionou o tamanho da cidade balneária e a quantidade de turistas asiáticos. Busan é o centro da indústria cinematográfica coreana e ponto de encontro anual de diretores, atores e produtores no Busan International Film Festival. Em vários pontos da cidade havia filas para fazer fotos em locais de cenas de comédias românticas ou clipes de bandas K-Pop gravadas ali. Outros lugares pareciam Dubai, com várias torres de vidro concentradas em duas quadras de praia duvidosa. Gostei do lugar, mas não posso dizer que consegui desvendá-lo. Também fiquei pouco tempo, já que os prazeres Seul me chamavam.
Parti em trem. Cruzei o país de sul a norte e posso afirmar que a Coreia é um enorme jardim. Tudo muito lindo e bem cuidado. Os nomes das cidades ao longo do caminho eram combinações misteriosas de bungs, chongs e sils que não consegui gravar. Já não consigo gravar quase nada, imagina nomes de cidades coreanas! A chegada em Seul foi cinematográfica, pois o trem cruzou uma enorme ponte sobre o rio Han justo quando a luz do sol estava dourada. Era eu no filme da minha vida.
Seul é outra megalópole extensa que impressiona quando vista no mapa. Fica a poucos quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte. Para um país que ainda está em guerra, imagino que as manobras dos Kim ali perto devam causar bastante ansiedade. Quando comparada a Tóquio, Seul ganha em modernidade, juventude e diversidade. O Japão enriqueceu nos anos 1970 e 1980. Já a pujança sul-coreana é mais recente. Enquanto o Japão autoconsome seus filmes de animação, protege a pureza da gastronomia e vê o mundo exterior com certo desconforto, a Coreia do Sul se plugou ao globalismo e exporta cultura, gastronomia e influência, ditando parte da narrativa cultural da atualidade.
Esse frescor torna Seul atraente e familiar. Como se a ubiquidade de séries locais nos streamings, das bandas K-Pop nos palcos, de kimchi nos cardápios e de títulos e autoras coreanas nas livrarias do mundo deixasse o país menos incompreensível. Mesmo assim explorar os bairros e restaurantes é uma aventura. Munido de tradutor e celular, nada é o que parece ser. E os preços, com vários zeros e um câmbio estranho tiram a referência do que é caro ou barato. Até mesmo os sons do idioma, que é um dos mais complexos para aprender, fazem as palavras desaparecerem da cabeça na hora de descer na estação correta do metrô ou dizer ao taxista para onde ir.
O coreano é mais animado que o japonês. Há manifestações políticas diárias. Vê-se diferenças sociais mais marcantes. Assim, a Coreia parece mais “humana”, mais “gente como a gente”. Também há a História, com marcas indeléveis na sociedade. Da brutal ocupação japonesa, à guerra civil e à ditadura militar pós-guerra. A democracia sul-coreana é bem recente e a posição geográfica, imutável, é ameaçadora. China e Coreia do Norte têm armas atômicas. O Japão sempre foi um enrosco. A Rússia, que se extende da Polônia à Coreia, vê com desconfiança os armamentos sul-coreanos enviados à Ucrânia. Em resumo, um pepino diplomático constante. Isso sem falar das questões domésticas de pressão social, desprezo às mulheres, envelhecimento populacional e outros enroscos.
Mas para o turista de dez dias, tudo é lindo, saboroso e divertido. Inclusive as várias pessoas que alugam roupas típicas para passear pela cidade a fazer fotos e ganhar entrada grátis nos templos e palácios. Seul é futuro e passado ao mesmo tempo. É realidade e ficção. É cristã e budista. É uma dobradinha perfeita com o Japão para quem gosta de menu completo. Quero voltar para hospedar-me em um templo do programa Temple Stay e comer apenas comida vegetariana feita pelas monjas. Experimentei no restaurante Balwoo Gongyang. Amei e fiquei com gostinho de quero mais. Coloque a Coreia no teu radar! Bom dezembro!
• algumas dicas para descobrir a cultura sul-coreana:
FILMES
O Parasita - Bong Joon-ho
Minari - Lee Isaac Chung
Okja - Bong Joon-ho
Return to Seoul - Davy Chou
SÉRIES
Squid Game / Round Six - Netflix
Beef - Netflix
Chef's Table | Jeong Kwang - Netflix
LIVROS
A vegetariana - Han Kang (tem também O livro branco e Atos humanos)
Nascida em 1982 - Kim Jiyoung
Pachinko - Min Jin Lee
Como tigres na neve - Juhea Kim
Aos prantos no mercado - Michelle Zauner
Noite e dia desconhecidos - Bae Su-ah
🇬🇧I have certain rules when planning trips such as trying to visit one new country every year. Another is to visit at least one new city in a country I am returning to. On longer trips, I also try to include a trip within the trip. That's what I did with South Korea during the time I spent in Japan. I set aside 10 days to jump to the peninsula and observe the country with the eyes of someone arriving from next door and not from the other side of the world.
As I already knew Seoul, I started my visit in Busan. I was impressed by the size of the resort town and the number of Asian tourists. Busan is the center of the Korean film industry and the annual meeting point for directors, actors and producers at the Busan International Film Festival. In several parts of the city there were queues to take photos at locations from romantic comedies or clips from K-pop bands recorded there. Other places looked like Dubai, with several glass towers concentrated on two blocks of dubious beach. I liked the place, but I can't say I managed to figure it out. I stayed for a short time, as the pleasures of Seoul were calling me.
I left by train crossing the country from South to North. Korea is a huge garden. Everything is very beautiful and well looked after. The names of the towns along the way were mysterious combinations of bungs, chongs, and sils that I can't recall. I can't remember almost anything anymore, worst of all the names of Korean cities! The arrival in Seoul was cinematographic, as the train crossed a huge bridge over the Han River just as the sunlight was golden. It was me in the movie of my life.
Seoul is another sprawling megalopolis that is impressive when viewed on a map. It is just a few kilometers from the border with North Korea. For a country that is still at war, I imagine that the Kim's maneuvers nearby must cause a lot of anxiety. When compared to Tokyo, Seoul wins in modernity, youth and diversity. Japan became rich in the 1970s and 1980s. South Korea's wealth is more recent. While Japan self-consumes its animated films, protects the purity of its gastronomy and views the outside world with a certain discomfort, South Korea has plugged itself into globalism and exports culture, gastronomy and influence, dictating part of today's cultural narrative.
This freshness makes Seoul attractive and familiar. As if the ubiquity of local series on streaming, K-pop bands on stages, kimchi on menus and Korean titles and authors in bookstores around the world made the country less incomprehensible. Still, exploring the neighborhoods and restaurants is an adventure. Armed with a translator and cell phone, nothing is what it seems. And the prices, with several zeros and a strange exchange rate, take away the reference of what is expensive or cheap. Even the sounds of the language, which is one of the most complex to learn, make words disappear from your head when getting off at the correct subway station or telling the taxi driver where to go.
Koreans seem more lively than the Japanese. There are daily political demonstrations. More striking social differences. Thus, Korea seems more “human”, more “people like us”. There is also History, with indelible marks on society. From the brutal Japanese occupation to the civil war and post-war military dictatorship. South Korean democracy is very recent and the immutable geographical position is threatening. China and North Korea have atomic weapons. Japan has always been a complicated "friend". Russia, which stretches from Poland to Korea, views South Korean weapons sent to Ukraine with suspicion. In short, a constant diplomatic nightmare. Not to mention domestic issues of social pressure, contempt for women, population aging and other problems.
But for the ten-day tourist, everything is beautiful, tasty and fun. Including the many people who rent traditional clothes to walk around the city taking photos and getting free entry to temples and palaces. Seoul is future and past at the same time. It's reality and fiction. Christian and Buddhist. It's a perfect combination with Japan for those who like a full menu. I want to go back to participate at the Temple Stay program and eat only vegetarian food made by the nuns. I tried it at Balwoo Gongyang restaurant. I loved it and was left wanting more. You should put Korea on your map! Happy December!
• a few tips to discover more of South Korea:
FILMS
Parasite - Bong Joon-ho
Minari - Lee Isaac Chung
Okja - Bong Joon-ho
All the people I’ll never be - Davy Chou
SERIES
Squid Game / Round Six - Netflix
Beef - Netflix
Chef's Table | Jeong Kwang - Netflix
BOOKS
The vegetarian - Han Kang (also White Book and Greek Lessons by same author)
Born in 1982 - Kim Jiyoung
Pachinko - Min Jin Lee
Beasts of a little land - Juhea Kim
Crying at the K-mart - Michelle Zauner
Untold night and day - Bae Su-ah
Show!!!
I love reading your blogs.
Happy traveling to you. Hope our paths cross soon somewhere in the world.