TravelVince News #02
O que fazer quando não há nada para fazer | What to do when there is nothing to do
🇧🇷Obs.: adicionei endereços de email de quem os havia deixado lá na inscrição de newsletters do TravelVince, desde 2016! Se quiser pular fora dessa, não se avexe. Basta clicar em "unsubscribe" lá no final. Não vou nem ficar sabendo. Mas se quiser me dar uma chance, vá em frente.
🇬🇧Note: I've added a few email addresses from those who subscribed ages ago – as far back as 2016 – at TravelVince. If you do not feel like having yet another newsletter in your inbox, no worries. Just click "unsubscribe" at the very end of the page and goodbye. However, if you want to give me a chance, read me first.
🇧🇷Chegamos em março de 2021. A sensação é seguirmos março de 2020. Em meio às dúvidas e medos, perdi o foco. Navego pelo meu apartamento em círculos. Entro na cozinha e esqueço o que ia fazer. Perco o celular pela sala. Sento na frente do computador para escrever essa newsletter e quando me dou conta, estou no site das curvas de casos e mortes, analisando, vendo se há alguma saída, Terra à vista.
Andava muito triste. Tinha pensamentos ruins e obsessivos o dia todo. Tive insônia. No escuro tudo fica mil vezes mais dramático. Ao mesmo tempo, não me sentia no direito de pedir ajuda, já que estamos todos lidando com tristeza e morte. Eu posso ficar em casa, tenho economias e comida na geladeira. Não tenho filhos com quem me preocupar, só meus pais, que parecem adolescentes desobedientes. Mas ao ler um livro, o personagem se matou. Vi um filme onde alguém se enforcou. Até que, por sorte, meu irmão me viu e perguntou se tudo estava bem. Tive que organizar os pensamentos para responder e isso me ajudou a ver que sim, estou bem. Foi um giro da roda-gigante. Por isso resolvi escrever sobre o assunto já no começo, para perguntar: você está bem?
No tempo que passou desde a última newsletter, fiz bastante coisa. Escrevi contos para o curso de escrita da Escrevedeira. Sempre que me sinto confortável com o resultado, publico nas Travel Stories do TravelVince. Mandei minha avó materna para Paris e relembrei da avó paterna com as comidas que fazia. Imaginei-me novamente comissário de voo. Passa lá para ler.
Para fugir do noticiário, além de ler, vejo tevê e escuto podcasts. Livros ótimos que recomendo são "O Avesso da Pele", de Jeferson Tenório, e "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior. Tenho intercalado contos de Clarice Lispector, Tchékhov e Caio Fernando Abreu com "Grande Sertão: Veredas", de Graciliano Ramos, que me exige atenção e foco, mas me leva para bem longe daqui. Viajo sem sair de casa.
Duas séries do Netflix que adorei são "Bonding", sobre fantasias sexuais, e "Amor e Anarquia", sobre relacionamentos (e sexo). As duas são bem leves e curtas. Ajudam a descontrair. O filme "A Escavação", também no Netflix, é outra delícia.
A grande surpresa tem sido o podcast "The Huberman Lab". Andrew Huberman é diretor do laboratório de neurobiologia de Stanford e divide com as mais novas descobertas sobre o funcionamento do sistema nervoso. O incrível é que ele dá dicas de como melhorarmos nossa saúde física e mental com suas descobertas. Como dormir melhor, como ter foco para estudar, como controlar a ansiedade, como modificar o cérebro. O podcast em inglês está no Spotify e YouTube. São meio longos, com cerca de uma hora cada. Em meus planos está publicar os resumos dos episódios em português no TravelVince. Se fizer eu aviso na próxima newsletter, ok?
Escapei em janeiro e fui até o Paquistão. Conto sobre a viagem no post "Consolo no Paquistão", também no TravelVince. Passei pelos Emirados Árabes no caminho e logo sai outro post sobre lugares interessantes para visitar ao redor de Dubai. Isso para quando voltar a ser seguro e gostoso de viajar, né? Se a vontade de ver outros horizontes está brava, dê uma olhada em Window Swap. São vistas de janelas em várias cidades do mundo. Para passear de carro por Berlim, Pequim, Istambul, Lisboa, vá para Drive & Listen. Tem até Curitiba.
Há exatamente um ano eu estava em São Paulo na fila do consulado chinês pedindo visto de estudante. Se tivesse embarcado imediatamente, teria entrado na China. Mas o medo foi maior. Hesitei e o visto foi cancelado. Estou usando o crédito da Hutong School para fazer aulas por Zoom. Recomendo aprender mandarim para quem tem medo de Alzheimer. Na verdade, a maior motivação para as aulas é usar o cérebro até fundir. Sei que não vou falar fluente e que vou esquecer de todos os caracteres, mas uso como remédio. Pergunto doze vezes a mesma coisa. Confundo eu com você, quatro com dez. É uma diversão.
Se você chegou até aqui, é porque está com foco. Obrigado por dividir seu tempo comigo, por me ler. Me faz bem e espero que para você também. Se curtir alguma das recomendações da newsletter, compartilhe com outras pessoas. Em breve espero voltar a dividir dicas de viagens. Se cuide e até a próxima.
🇬🇧We've arrived in March 2021. It feels we never left March 2020. Amid doubts and fears, I've been losing focus. I walk around the apartment in circles. I go into the kitchen and forget what I was going to do. I lose the cell phone a few times a day. I sit in front of the computer to write this newsletter and when I realize it, I am on the covid info website, analyzing, seeing if there is any way out of this mess. Then I get lost again.
I was very sad for a few days. I was having bad, obsessive thoughts. I had insomnia. In the dark everything is thousand times more dramatic, isn't it? At the same time, I did not feel entitled to ask for help. We are all dealing with sadness. I can stay at home, I have savings, there is food in the fridge. I have no children to homeschool, only my parents, who behave like disobedient teenagers. However, when reading a book, the character killed himself. In a movie, someone hung himself. Luckily, my brother saw me and asked if everything was alright. I had to organize my thoughts to reply and it helped me see that yes, I was fine. It was just a low in this high-low we've all been on. So I decided to write about it right at the beginning to ask: are you okay?
In the time since the last newsletter, I did a lot. I wrote short stories for a writing course on Zoom. Whenever I feel comfortable with the result, I post on TravelVince's Travel Stories. I sent one grandmother to Paris and remembered the other through her cooking. I reimagined myself as a flight attendant. Pop over to read. You can have the stories translated by clicking on the “translate” button at the bottom of the page.
To escape the news cycle, I watch TV and listen to podcasts besides writing and reading. I travel without leaving home. I just finished reading "The Disappearing Act MH370", by Florence de Changy about the Malaysia Airlines flight that disappeared over the ocean. She investigated the accident for years and has amazing revelations. You can listen to her on Meet The Writers, a Monocle 24 podcast. I am reading some of Chekov's short stories and Olga Tokarczuk's "Travels".
Two Netflix series I loved are "Bonding", about sexual fantasies, and "Love & Anarchy", about relationships (and sex). Both are very light and short. They help you relax. The movie "The Excavation", also on Netflix, is another delight.
The big surprise has been "The Huberman Lab" podcast. Andrew Huberman is the director of Stanford's neurobiology laboratory and he shares his newest discoveries about the functioning of the nervous system. He explains and gives tips on how to improve our physical and mental health with his discoveries. How to sleep better, how to focus on learning new skills, how to control anxiety, how to modify the brain. It's on Spotify and YouTube. They are long, about an hour each. It's In my plans to publish the episode's summaries in Portuguese on TravelVince. If I do, I'll let you know in the next newsletter, ok?
In January I escaped to Pakistan for a few days. I tell you about the trip in the post "Solace in Pakistan", also on TravelVince (in Portuguese). I passed by the UAE on the way and soon another post about interesting places to visit around Dubai will come out. For when it is safe and pleasant to travel again, right? If the urge to see different horizons is pressing, take a look at Window Swap for views from different windows. For a drive around Berlin, Beijing, Istanbul, Lisbon, go to Drive & Listen. It's a delight! There's even Curitiba in there.
Exactly a year ago I was in São Paulo at the Chinese consulate applying for a student visa. If I had embarked immediately, I would have entered China. But the fear was greater. I hesitated and the visa got canceled. I am using the credit with Hutong School to take classes via Zoom. I recommend learning Mandarin for anyone who is afraid of Alzheimer's. In fact, the biggest motivation for these classes is to use my brain until it fries. I know I will not speak fluent Mandarin and that I will forget all the characters I study with so much dedication, but I use it as medicine. I ask the same question twelve times. I mix up me with you, four with ten. It's fun.
If you made it this far, it’s because you’re focused. Thank you for sharing your time with me, for reading me. It makes me feel good and I hope you feel good too. If you like any of the newsletter's recommendations, share them with others. Soon I hope to get back to sharing travel tips. For now, take care and see you next time.
Tchau! Bye!